221 A Mensagem da Cruz

 

Leitura Bíblica

“Então ele começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, fosse morto e três dias depois ressuscitasse. Ele falou claramente a esse respeito. Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo.

Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Marcos‬ 8.31-32, 34-36‬ NVI‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬)‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬‬

Qual o propósito dos evangelhos? Por que Marcos, Mateus, Lucas e João tiveram a inspiração e resolveram narrar a passagem de Jesus na terra?

Qual a sequência? Quem escreveu primeiro? Como essas coisas se organizaram? No dia a dia não nos preocupamos (nem precisamos muito) com tantos detalhes. A grande maioria “lê” o evangelho e as Escrituras com o “coração e confia no Espírito” para interpretar e entender a passagem.

Seguir por esse caminho nos descontextualiza e faz com que detalhes nos textos passem desapercebidos.

Por outro lado, existem as pessoas que são o “Google” das Escrituras, e aí, não há descontextualização, mas desconexão. As Escrituras sem o Espírito podem se transformar em mais um livro de histórias desconectadas.

A melhor forma é ter as duas coisas: saber do contexto por trás do texto enquanto a conexão com o Espírito de Deus é mantida.

É compreender por que o texto foi escrito lá atrás, há cerca de dois mil anos e ao mesmo tempo ter a direção do Espírito para entender o que esse mesmo texto quer dizer hoje.

Essa é a caminhada. Dito tudo isso voltemos ao texto de Marcos.

Marcos é tido por uma parte substancial dos estudiosos como o primeiro evangelista. Ele colecionou e organizou as “memórias de Pedro” então sua narrativa tem essa nuance (perceba que ele fala que Pedro chamou Jesus de canto para “dar uma bronca”). Outro ponto interessante é que você encontra grande parte do Evangelho de Marcos dentro do de Mateus e de Lucas. Esses três evangelhos obviamente “beberam” de uma mesma fonte. O evangelho de João é escrito com objetivo distinto, então a narrativa se apresenta de maneira diferente.

Voltando a Marcos, por que ele resolveu escrever? Primeiro, porque foi inspirado pelo Espírito. Segundo, porque Pedro estava envelhecendo, as comunidades cristãs se multiplicando e um guia que consolidasse a tradição oral dirigida pelo Espírito era necessário. O texto mostra que Marcos se imbuiu da missão de propagar a mensagem da cruz.

Morte de cruz no império romano era reservada aos piores dos piores. Era vergonhosa. Era humilhante. Era indigna. Jesus havia morrido da pior maneira possível. Então a narrativa de Marcos apresenta o caminhar de Jesus para seu desfecho – morte na cruz e ressurreição – mas a mensagem que o Espírito o inspirou a passar se concentra mais nos aspectos do poder de Jesus, e nos efeitos da morte-ressurreição do que na própria crucificação (compare com João).

Então, esse é o contexto. A humilhação foi a pior possível. Deus se fez carne, foi morto pela maneira mais humilhante que existia na época, mas isso não impediu que ele realizasse tudo que realizou, mesmo sabendo que ia passar por tudo isso (esse trecho é isso, Jesus dizendo o que ia acontecer com ele). Ele não deixou de amar nem de curar as pessoas, nem de fazer milagres. Uma mensagem poderosa para comunidades que estavam se formando.

E hoje? Eu vim num voo pensando (dez horas de voo dá para pensar um bocado) ... eu não sou nada disso. Minha maior humilhação não é nada se comparada à que ele passou, mediante o menor atraso, um e-mail atravessado ou uma resposta grosseira de um caixa de banco eu já fico ofendido, já deixo de amar, já abandono a cruz.

Curioso como somos fracos. Mais curioso ainda como podem duvidar da divindade de Jesus. Não há maneira de compreender o que escolheu passar por amor.

Depois desse texto de hoje, vou pensar duas vezes e orar dez vezes antes de abandonar minha cruz.

Oremos

Pai, inimaginável amor e bondade.

Impossível para mim compreender tanto desapego, tanta doação.

Pai, quantas vezes por muito menos me achei “o cara” só para largar minha cruz e sair aos berros distribuindo impropérios enquanto teu exemplo foi o de carregar e suportar em silêncio teu fardo por mim.

Pai, renova meu coração. Fortalece meus braços e me acompanha no meu caminhar. Sei que cada um deve carregar sua cruz, mas sei também que ninguém tem uma cruz maior do que consegue suportar.

Eu te agradeço e te louvo pelo aprendizado de hoje. 

Em nome de Jesus. Amém.

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Autor: Shailon Ian