170 Só há vida em Deus

Leitura Bíblica 

“Eu disse: Vigiarei a minha conduta e não pecarei em palavras; porei mordaça em minha boca enquanto os ímpios estiverem na minha presença.” (Salmos 39.1) 

Quando li esse versículo hoje pela manhã me encantei. Pensei: que bom começo! Logo de início o salmista se propõe a ficar calado e a não jogar pérolas aos porcos. 

Mas então na sequência minha esperança se dissipou: 

“Enquanto me calei resignado, e me contive inutilmente, minha angústia aumentou. Meu coração ardia-me no peito e, enquanto eu meditava, o fogo aumentava; então comecei a dizer:” (Salmos 39.2, 3) 

“Livra-me de todas as minhas transgressões; não faças de mim um objeto de zombaria dos tolos. Estou calado! Não posso abrir a boca, pois tu mesmo fizeste isso.” (Salmos 39.8-9) 

“Desvia de mim os teus olhos, para que eu volte a ter alegria, antes que eu me vá e deixe de existir.” (Salmos 39.13) 

O que foi isso? O salmista se propõe a ficar quieto, a não falar ou clamar perante o ímpio. Ele diz que não vai pecar apenas para se desfazer em pecado e lamúria nos versos seguintes. 

De que adianta decidir não pecar em palavras se o seu coração, a sua mente, fica angustiada e não se contém? O que o fez se calar diante dos problemas e dificuldades? Para que repetir uma oração quando no íntimo o que desejamos é que Deus se esqueça de nós por uns dias pois não aguentamos o seu julgo e atribuímos a ele todos os nossos problemas? 

São textos assim que aumentam meu interesse e minha paixão pela Bíblia. Que reforçam minha fé na sua inspiração divina. Uma inspiração humana não deixaria esse texto em uma coletânea que falasse sobre o próprio salmista. É um texto de fracasso que mostra uma pessoa, que deveria ser imbatível em sua fé em Deus, em frangalhos, destruída ao ponto de implorar que Deus não olhe mais para ela. 

“Desvia de mim os teus olhos, para que eu volte a ter alegria, antes que eu me vá e deixe de existir.” (Salmos 39.13) 

Uma pessoa tão fragilizada, que não crê, sequer seria digna do convívio dos eleitos. O salmista pede alegria antes de deixar de existir. 

Que triste. É muito difícil ler um texto desse e não sentir um pouco de empatia com o autor. Quantas vezes já me senti assim! O curioso é que o sentimento é esse, o de deixar de existir. Não é o sentimento terrível de abreviar a existência, mas o de que, quando o fim chegar, será definitivo. 

Esse sentimento torna tudo vazio e invariavelmente acontece quando estou sem saída e chateado com Deus. Quando vem aquele sentimento de: “vê se me erra!”, e esse sentimento, de ausência de Deus, vem acompanhado do seu irmão siamês que é o fim definitivo. 

Talvez isso seja a confirmação de que de fato só há vida em Deus. E nele a vida é plena e eterna. Fora dele e de seu convívio só há o fim. E o fim é triste e desesperador. O fim nos faz sentir e escrever coisas como o salmista fez, e então, talvez Deus tenha inspirado as diversas pessoas a manterem esse texto aí, desse jeito, não para mostrar como ele deixa que aqueles que nele confiam sejam derrotados, mas para nos mostrar que sem ele, sem sua presença e sem sua face sobre nós, só nos restará o fim. 

Oremos 

Pai querido, quanta novidade e quanta oportunidade. Quanto trabalho e quanta agitação. Muita adrenalina, expectativa e planos.  

Pai, eu te entrego tudo. Não quero nada comigo. Nada mais depende de mim. No sentido prático do cotidiano, comigo ficará apenas o que depende diretamente do meu trabalho, todo o resto está em tuas mãos e entrego a ti para que conduzas da forma que desejares. Estou aqui para aceitar e servir. Trabalhar no que estiver ao meu alcance e glorificar o teu nome. 

Abençoa cada uma dessas pessoas e iniciativas em curso e que seja feito conforme tua vontade.  

Isso te peço em nome de Jesus. 

Amém. 

Autor: Shailon Ian