159 Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará

 



Leitura Bíblica


“E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. (João 8.32 NVI)



Na minha opinião, o evangelho de João é o mais intenso dos quatro. Enquanto Marcos e Mateus estruturam a narrativa mostrando o Reino que está para chegar através de Cristo, cumpridor das profecias e das Escrituras, Lucas nos dá uma visão mais “científica” e organizada em sua narrativa. João se concentra em mostrar o poder de Deus manifesto através de seu filho Jesus que se fez carne para nos salvar.

É o evangelho que mais me emociona e que mais me toca. Do início ao fim fala ao coração. A sequência onde João narra o martírio e morte de Jesus é um dos trechos mais difíceis para eu ler na Bíblia.

João, apóstolo de Jesus, chamado de “o mais querido”, era impetuoso e provavelmente o mais jovem dentre os doze. Seu evangelho é teológico e escrito para quem tem conhecimento das Escrituras, já que ele faz referências ao Antigo Testamento com frequência. João também utiliza e contesta alguns itens característicos da filosofia grega que separava o Logos – Sabedoria, Espírito – responsável pelas qualidades na vida do corpo material que era impuro. Talvez por isso ele introduza seus textos, deixando claro que Jesus é a Palavra de Deus (o Verbo) que se fez carne e habitou entre nós.

O evangelho de João estrutura sua narrativa numa visão mais pessoal de Jesus, que aqui não esconde sua ligação com Deus. Em João, o ministério de Jesus dura três anos, com várias idas a Jerusalém, e os discursos teológicos de Jesus são mais utilizados do que as parábolas. João também utiliza os milagres, que ele chama de sinais, como demonstração do poder e divindade de Jesus.

O trecho de hoje é sobre um capítulo onde João narra a ida de Jesus ao templo no final da festa das Cabanas (Tabernáculos) para pregar ao povo. Os fariseus estavam buscando maneiras de acusar Jesus e prendê-lo desde a cura no poço de Betesda quando, num sábado, ele curou um aleijado e mandou ele carregar sua maca para fora dali. No sábado isso não era permitido naquele contexto religioso e causou revolta entre os fariseus.

Enquanto ele pregava no templo foi levada até ele uma mulher adúltera, e, Jesus, sabendo da armadilha, respondeu de forma brilhante:

“e disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em ato de adultério. Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz?” Eles estavam usando essa pergunta como armadilha, a fim de terem uma base para acusá-lo. Mas Jesus inclinou-se e começou a escrever no chão com o dedo. Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”. Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão. Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele. Então Jesus pôs-se em pé e perguntou-lhe: “Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?” “Ninguém, Senhor”, disse ela. Declarou Jesus: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado”.” (João 8.4-11)

Veja. Ele estava no templo e quem se aproximou dele foram os fariseus. Nenhum se julgou sem pecado, como era de se esperar, pois eles conheciam e estudavam as Escrituras e todas as suas leis e regras e sabiam que era impossível ficar livre do pecado.

Jesus então segue sua pregação:


“Falando novamente ao povo, Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”.” (João 8.12)

Os fariseus contestaram essa afirmação. O discurso de Jesus segue, sem parábola ou figuras, um discurso direto, no templo, para conhecedores da Lei. Um enfrentamento corajoso. Por fim ele profetiza:

“Então Jesus disse: “Quando vocês levantarem o Filho do homem, saberão que Eu Sou, e que nada faço de mim mesmo, mas falo exatamente o que o Pai me ensinou.” (João 8.28)

Aqui Jesus fala aos fariseus sobre o que farão com ele, mas principalmente ele diz claramente, dentro do templo, para especialistas na lei sobre “Quem ele é” e “Eu sou”, exatamente como Deus se apresenta no Antigo Testamento. E nenhum dos especialistas reconhece ou compreende.

Então ele fala para aqueles que o seguem:


“Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.” (João 8.31-32)

Que é o versículo de hoje. “Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. Jesus é direto em seus discursos no evangelho de João. Ele explica na sequência dizendo que ninguém que viva no pecado pode se considerar livre. Somente livres do pecado somos verdadeiramente livres.

Eu penso, como estar livre do pecado? Veja, o capítulo começa exatamente com Jesus fazendo essa provocação: aquele que nunca pecou que atire a primeira pedra, e agora diz que a permanência na palavra dele trará conhecimento sobre a verdade, e a verdade os libertará.

Jesus tinha uma missão. Ele veio para nos libertar. Foi o sacrifício perfeito de Deus para expiação do nosso pecado. Ele reforça isso nesse mesmo capítulo. Mas o que me emociona nesse trecho é a associação: palavra de Deus => Verdade => Libertação.

Ao longo dos anos o homem usou a palavra de Deus como prisão. Tal qual os fariseus que ouviam e não entendiam. Por séculos nós estamos tratando a Bíblia não como fonte de conhecimento e verdade que traz libertação, mas como um livro hermético de regras de conduta que trazem obrigações muitas vezes impossíveis de serem atendidas no mundo atual, mas que são reforçadas apenas para aprisionar o fiel em uma teia de desinformação, desconhecimento e falsas mensagens.

As narrativas dos evangelhos são distintas, mas todas trazem a mensagem de libertação que Jesus representou. Perder isso de vista é mudar o contexto das Escrituras e diminuir o sacrifício de Deus para nos Salvar.


Oremos


Pai, dou-te graças e te louvo.


Agradeço-te por estar comigo, ajudando-me a perseverar na leitura e estudo de tua Palavra.

Agradeço-te por não permitires que eu perceba os evangelhos como prisão, mas sim como fonte de libertação.

Obrigado por me acompanhares nessa caminhada.


Pai, nessa semana que está começando eu estou viajando, temos trabalho aqui, várias inspeções e relatórios para fazer. Ajuda-nos a cumprir com diligência nosso trabalho.

Protege minha família que ficou em casa.


Pai, especialmente te entrego meus projetos. Sabes bem quais devem frutificar e quais não vão prosperar. Eles estão em tuas mãos.

Um deles está em avaliação nessa semana e será um grande desafio. Age, Pai, para que, se for de tua vontade, o projeto seja aprovado. Te peço em nome de Jesus, Amém // Autor: Shailon Ian


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